segunda-feira, outubro 31, 2022

Em um Dia das Bruxas, quantas bruxas a solta.

Não é um período fácil.

Eu poderia falar de governo, de política, dizer o quanto acho regressivo um mesmo partido se manter por muito tempo no poder, ou falar do quanto é demagogo associar uma figura política à imagem do Salvador. 

Poderia falar de como meu poder aquisitivo caiu e como fico preocupada todo dia 10. Poderia lembrar sobre quando Cristovam Buarque, em 2010, discutia entre outros inserir na constituição o direito de ser feliz.

Poderia dizer que existem argumentos lógicos que mostram que estamos indo para o caminho errado quando doenças, novas e velhas, aparecem na nossa porta e o quanto ficamos assustados pelas nossas crianças. Mostrar que é uma questão de causa e efeito a composição fisiográfica do nosso país - como um todo. E que justificar mudanças com três La Niñas seguidas é tapar o sol com a peneira 

Eu poderia lembrar o quão absurdo é julgar outrem e varrer os próprios erros para debaixo de um tapete transparente, que bastaria não olharmos apenas para nossos umbigos e veríamos os erros, os nossos e do entorno.

Eu queria dizer que as pessoas não se ligam a teorias conspiratórias, para todos os lados, para as suas fugas e suas fraquezas. É tão mais confortável saber que fizemos nossa parte.

Mas o que eu mais queria dizer é que não sinto essa dor no coração, que me pesa tanto. 

A dor do julgamento. De quem acha que me conhece, mas não se senta para uma conversa franca e desarmada. 

A dor do medo. Medo expressar uma opinião e não levar todas as consequências. Quem tem filho, e pensa de verdade neles deve sentir o mesmo. Medo de passar a informação a diante e ela ser totalmente entortada.

A dor da incerteza. De achar que temos solução, mas que depende da gente. Dessa gente... que eu faço parte